Estranhos que visitaram

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Sílvia


A gravata, a sala, os colegas de trabalho, a chefe: todos me sufocam. O suor vem me tirar mais e mais a paciência. Deixo o recado na caixa postal, você some. Como podes me fazer te odiar tanto? Que ótimo! Café na minha camisa branca, mais um motivo para a chefe reclamar. As mulheres, definitivamente, me odeiam.

Atenda a porra do celular. Eu elaboro planilhas, converso besteiras na sala ao lado, mas não tem jeito, eu só penso no que você está fazendo. Na noite passada as suas mechas loiras percorreram meu corpo, seu sussurro era um grito no quarto escuro, eu lembro que tinha luz verde. Sua calcinha branca, pele bronzeada, me sinto culpado, às vezes pareço fazer sexo com uma criança, mas você é uma mulher. Mulher sábia, eu aqui louco por sexo e louco pela minha sanidade de volta.

Os pensamentos mais eróticos me atrapalham, eles vêm quando falo de orçamentos, sem querer, preciso começar a pensar em coisas tristes, levo um tempo para sair da frente da mesa. Eu realmente preciso parar de pensar em você. Vou ao banheiro, a supervisora me chamou para uma conversa. Troco a camisa, vejo os arranhões, já estou louco novamente. Não estou pensando em amor, mas eu guardei sua calcinha... é amor?

Finalmente você atendeu o celular, agora me diz a hora que eu posso chegar aí, eu não aguento mais, preciso te ver. Não ria de mim. Fale comigo, converse comigo. Eu consegui desligar o telefone e você conseguiu me deixar com dúvidas, eu estou me perdendo e você é apenas uma mulher.

A supervisora me oferece um cargo maior em troca de silêncio e trepadas, fiquei desempregado. No barzinho da Augusta uma cerveja barata, paletó suado na cadeira e uma puta me oferecendo diversão, fui chamado de veado.

Tô aqui batendo na sua porta (bêbado), abra essa merda de porta! Você abre a porta com uma calcinha rosa, meia colorida, e um blusão com desenho de coração. Quando você masca chiclete desse jeito, eu sinto nojo. Eu quero te bater, te ensinar o que você merece. Mas a criança, o animal domado, aqui, sou eu.

Agora você apaga a luz, e a cor fluorescente de hoje é a vermelha. Eu deitado, você em cima de mim, sem o blusão. Eu achando que não vou aguentar cinco minutos, você mandando eu me preparar para uma noite toda. Um gemido seu, e eu pedindo : nunca me deixa, menina! Você gritando, rindo, chorando. A gente chegou lá.


“Menina, escrevo isso na tua pele, vai ser uma tatuagem. Acredite tive que te deixar menina para sempre na minha imaginação, o ciúme não me deixou deixar você. Você vai ser minha para sempre. Pra sempre você vai ter 17, fique feliz. Minha para sempre, para sempre, para sempre, para sempre...”

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